Igreja Católica

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COMO A IGREJA CATÓLICA COMPÔS A BÍBLIA?

“Foi a Tradição apostólica que fez a Igreja discernir quais escritos deviam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados” (DV 8; CIC, 120).

“Pela Tradição torna-se conhecido à Igreja o Cânon completo dos livros sagrados e as próprias Sagradas Escrituras são nelas cada vez mais profundamente compreendidas e se fazem sem cessar, atuante” (DV, 8).

Conclusão: sem a Tradição da Igreja não teríamos a Bíblia.

Santo Agostinho dizia:
“Eu não acreditaria no Evangelho, se a isso não me levasse à autoridade da Igreja Católica”

(CIC, 119; Contra Epistulam Manichaei quam vocant fundamenti, 5,6: PL, 42,176).Por que a Bíblia católica tem 72 livros e a protestante apenas 66?

A Reforma de Lutero rejeitou: Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirácida), 1 e 2 Macabeus, além de Ester 10,4-16; Daniel 3,24-20; 13-14.

A razão disso – ano 100 – Sínodo de Jâmnia, Palestina
Critérios nacionalistas para um livro fazer parte da Bíblia:

(1) deveria ter sido escrito na Terra Santa;
(2) escrito somente em hebraico, nem aramaico e nem grego;
(3) escrito antes de Esdras (455-428 a.C.);
(4) sem contradição com a Torá ou lei de Moisés.

Alexandria no Egito, entre 250 e 100 A.Cversão grega

- Alexandrina ou dos Setenta.

Incluiu os livros que os judeus de Jâmnia rejeitaram.

A Igreja católica sempre seguiu esta versão.

Os Apóstolos e Evangelistas optaram pela Bíblia completa dos Setenta (Alexandrina), considerando canônicos os livros rejeitados em Jâmnia.

Ao escreverem o Novo Testamento usaram o Antigo Testamento, na forma da tradução grega de Alexandria, mesmo quando esta era diferente do texto hebraico.
Das 350 citações do Antigo Testamento que há no Novo, 300 são tiradas da Versão dos Setenta, o que mostra o uso da Bíblia completa pelos apóstolos.

Nos livros do Novo Testamento há citações dos livros que os judeus nacionalistas da Palestina rejeitaram.

Por exemplo:
Rom 1,12-32 se refere à Sb 13,1-9;
Rom 13,1 a Sb 6,3;
Mt 27,43 a Sb 2, 13.18;
Tg 1,19 a Eclo 5,11;
Mt 11,29s a Eclo 51,23-30;
Hb 11,34 a 2 Mac 6,18; 7,42;
Ap 8,2 a Tb 12,15.

O Novo Testamento não cita muito dos outros livros da Bíblia, por exemplo:

Eclesiastes, Ester, Cântico dos Cânticos, Esdras, Neemias, Abdias, Naum, Rute.

Escritos dos santos Padres da Igreja citam os livros rejeitados (deutero-canônicos) como Sagrada Escritura.

São Clemente de Roma, o quarto Papa da Igreja, no ano de 95 escreveu a Carta aos Coríntios, citando Judite, Sabedoria, fragmentos de Daniel, Tobias e Eclesiástico.

Pastor de Hermas, no ano 140, faz amplo uso de Eclesiástico, e do

II Macabeus;

Santo Hipólito (†234), comenta o Livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos rejeitados e cita como Sagrada Escritura Sabedoria, Baruc, Tobias, 1 e 2 Macabeus.

Vários Concílios confirmaram isto: os Concílios regionais de Hipona (ano 393); Cartago II (397), Cartago IV (419), Trulos (692). Principalmente os Concílios ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546) e Vaticano I (1870)

Martinho Lutero (1483-1546) ao traduzir a Bíblia para o alemão, traduziu também os sete livros (deuterocanônicos) na sua edição de 1534, e as Sociedades Biblícas protestantes, até o século XIX incluíam os sete livros nas edições da Bíblia.

LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO E TEMPOS A QUE SE REFEREM

“marcham ascendentes da revelação” de Deus até Jesus Cristo.
DA ORIGEM À REALEZA (1800 – 1000 aC): Gênesis, Êxodo, Levítico, Número, Deuteronômio, Josué, Juízes, I e II Samuel, I e II Reis.

TEMPO DOS REIS (1000 – 587 AC): Amós (760), Oséias (750), Isaías (primeira parte, 39 primeiros capítulos, ano 760), Miquéias (725), Naum (625), Sofonias (625), Habacuc (605), Jeremias (600).

TEMPO DO EXÍLIO (587-538 AC): Lamentações, Ezequiel, Abdias e a Segunda parte dos livros de Isaías (capítulos 40 a 55)

APÓS O EXÍLIO (537-175 AC): I e II Crônicas, Esdras, Neemias, Eclesiástico (200), Eclesiastes (250) e Cântico dos Cânticos, Provérbios, Ageu e Zacarias (520), Malaquias (440), Joel e Jonas, Rute, Tobias, Judit, Ester, Jó (500).

ÉPOCA DOS MACABEUS (175 -140 AC): Sabedoria, Baruc, Daniel, I e II Macabeus.
Os Livros que compõem a Bíblia católica
72 (ou 73) livros: 45 Livros do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento.

A. Antigo Testamento

Das Origens aos Reis – 7 Livros:

- Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué e Juízes.

Dos Reis de Israel e o Exílio – 7 Livros:
- Rute, Samuel I, Samuel II, Reis I, Reis II, Crônicas I e Crônicas II.

Fatos após o Exílio na Babilônia – 7 Livros:
- Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, Macabeus I e Macabeus II.

Livros Sapienciais – Ensino e Oração – sete Livros:
- Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos, Eclesiástico (ou Sirac) e Sabedoria.

Profetas Maiores – Pregações – seis Livros:
-Isaías, Jeremias, Lamentações, Baruc, Ezequiel e Daniel.

Profetas Menores – 12 Livros:
- Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.
B. Novo Testamento
Evangelhos e Atos dos Apóstolos – 5 Livros:
- Mateus, Marcos, Lucas, João e Atos dos Apóstolos.

Cartas de São Paulo – 14 Livros:
- Carta aos Romanos, Coríntios I e II, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, Tessalonicenses I e II, Timóteo I e II, Tito, Filemon, Hebreus.

Cartas dos outros Apóstolos – 8 Livros:
- Carta de Tiago, Pedro I e II, João I , II e III, Judas, Apocalipse.
OS SENTIDOS DA ESCRITURA

Para se fazer uma boa leitura da Bíblia, a Igreja nos recomenda ter em mente o que chamamos de cinco sentidos.

1. A analogia da fé

– A Bíblia é um livro de verdades religiosas reveladas por Deus. Cada texto está de certa forma relacionado com toda a Bíblia e com a fé da Igreja. Não podemos tirar um texto ou um versículo que seja deste contexto, sem que possa haver erro de interpretação. Aqui entra a fundamental importância da Tradição e do Magistério da Igreja. É a Igreja que deve ter a palavra final, a fim de se evitar o perigoso subjetivismo pessoal (“eu acho que…”).

2. O sentido da História

– Deus é o Senhor da história dos homens e a sua santa vontade se realiza por meio das vicissitudes humanas. O avançar da história também nos ajuda a compreender a Sagrada Escritura. Jesus mandou observar os sinais dos tempos.

3. O sentido do movimento progressivo da Revelação

Deus na sua paciência, foi se revelando lentamente, durante 14 séculos, e continuou a se revelar durante mais de 20 séculos pelos caminhos da Sua Igreja, através da Sagrada Tradição (transmissão oral, não escrita) que para nós católicos tem o mesmo valor das Sagradas Escrituras.

4. O sentido da relatividade das palavras

– as palavras são relativas, nem sempre absolutas. Para compreender o texto bíblico importa saber o que certas palavras significavam exatamente quando foram usadas pelo autor sagrado.

5. O bom senso e senso crítico

– uso da inteligência e equilíbrio diante dos fatos. É bom saber perguntar diante de certas interpretações: isto tem fundamento no texto original? Ou é apenas o ponto de vista de alguém em desacordo com o autor sagrado?
Dei Verbum, recomenda três pontos: 
1. Conteúdo e unidade da Escritura inteira.
Não interpretar uma parte da Escritura fora do seu contexto integral. Muitas vezes um versículo só será bem entendido quando lido juntamente com outros.

2. A Tradição viva da Igreja.

Observar como a Tradição da Igreja interpretou a parte que está sob estudo; especialmente pesar a palavra dos Papas, Santos Padres da Igreja e seus doutores.

3. Analogia da fé

– Isto é, verificar a coesão das verdades da fé entre si. Uma não pode ser oposta à outra, pois o Espírito Santo não se contradiz.
O Concílio Vaticano II

1. Prestar muita atenção ao conteúdo e à unidade da Escritura inteira.

A Escritura é una em razão da unidade do projeto de Deus, do qual Cristo Jesus é o centro e o coração. (§112). São Tomás de Aquino assim explica:

2. Ler a Escritura dentro da Tradição viva da Igreja inteira.

Conforme o ensinamento dos Padres da Igreja, “a Sagrada Escritura está escrita mais no coração da Igreja do que nos instrumentos materiais. Com efeito, a Igreja leva na sua Tradição, a memória viva da Palavra de Deus, e é o Espírito Santo que lhe dá a interpretação espiritual da Escritura” (Orígenes, hom. Lv. 5,5), (§113).

3. Estar atento “à analogia da fé” (Rom 12,6).

Por analogia da fé entendemos a coesão das verdades da fé entre si e no projeto total da Revelação.